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O Barroco é a expressão artística, resultado de diversos conflitos religiosos, politicos e sociais. A arte barroca é pessimista, instável, contraditória, dramática assim como foi a sua época.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Gregório de Matos

 
Biografia
 
Poeta barroco brasileiro, nasceu em Salvador/BA, em 20/12/1623 e morreu em Recife/PE em 1696. Foi contemporâneo do Pe. Antônio Vieira. Amado e odiado, é conhecido por muitos como "Boca do Inferno", em função de suas poesias satíricas, muitas vezes trabalhando o chulo em violentos ataques pessoais. Influenciado pela estética, estilo e sintaxe de Gôngora e Quevedo, é considerado o verdadeiro iniciador da literatura brasileira.
De família abastada (seu pai era proprietário de engenhos), pôde estudar com os jesuítas em Salvador. Em 1650, com 14 anos, abala para Portugal, formando-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1661. É nomeado juiz-de-fora em Alcácer do Sal (Alentejo) em 1663. Em 1672 torna-se procurador de Salvador junto à administração lisboeta.
Volta ao Brasil pouco depois de 1678. Quarentão e viúvo, tenta acomodar-se novamente na sociedade brasileira, tarefa impossível. Apesar de investido em funções religiosas, não perdoa o clero nem o governador-geral (apelidado "Braço de Prata" por causa de sua prótese) com seu sarcasmo. Mulherengo, boêmio, irreverente, iconoclasta e possuidor de um legendário entusiasmo pelas mulatas, pôs muita autoridade civil e religiosa em má situação, ridicularizando-as de forma impiedosa.
Provocando a ira de um parente próximo do governador-geral do Brasil, foi embarcado à força para Angola (1694), pois corria risco de vida. Na África, curte a dor do desterro, espanta-se diante dos animais ferozes, intriga-se com a natureza, dá vazão ao seu racismo e se arrisca à perda da identidade. Sua chegada à Luanda coincide com uma crise econômica e com uma revolta da soldadesca portuguesa local. Gregório interferiu, pacificou o motim, acalmou (ou traiu?) os revoltosos e, como prêmio, voltou para o Brasil, para o Recife, onde terminaria seus dias.
Sua obra poética apresenta duas vertentes: uma satírica (pela qual é mais conhecido) que, não raro, apresenta aspectos eróticos e pornográficos; outra lírica, de fundo religioso e moral.
Ao contrário de Vieira, Gregório não se envolveu com questões magnas, afetas à condução da política em curso: não lhe interessavam os índios, mas as mulatas; não o aborreciam os holandeses, mas os portugueses; não cultivou a política, mas a boêmia; não "fixou a sintaxe vernácula", mas engordou o léxico; não transitou pelas cortes européias, mas vagabundeou pelo Recôncavo.
É uma espécie de poeta maldito, sempre ágil na provocação, mas nem por isso indiferente à paixão humana ou religiosa, à natureza, à reflexão e, dado importante, às virtualidades poéticas duma língua européia recém-transplantada para os trópicos. Ridicularizando políticos e religiosos, zombando da empáfia dos mulatos, assediando freiras e mulatas, ou manejando um vocabulário acessível e popular, o poeta baiano abrasileirou o barroco importado: seus versos são um melting pot poético, espelho fiel de um país que se formava.
Finalmente, o que muitos não devem saber é que Gregório também é considerado antecedente do nosso cancioneiro, pois fazia "versos à lira", apoiando-se em violas de arame para compor solfas e lundus. O lundu, criado nas ruas, tinha ritmo agitado e sincopado, e melodia simples com resquícios modais, sendo basicamente negro. Do lundu vieram o chorinho, o samba, o baião, as marchinhas e os gêneros de caráter ritmado e irreverente.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Pe. Antonio Viera

O padre Vieira foi um grande e produtivo escritor do barroco em língua portuguesa. Escreveu 200 sermões - entre os quais pode-se destacar o "Sermão da Sexagésima" -, cerca de 500 cartas e profecias que reuniu no livro "Chave dos Profetas", que nunca acabou.

A família Vieira veio para o Brasil e fixou residência em Salvador, na Bahia, quando Antonio tinha seis anos. Seu pai era funcionário do império português. Aos 15 anos, ingressou na Companhia de Jesus.

Formou-se noviço em 1626, e além de teologia estudou lógica, física, metafísica, matemática e economia. Lecionou humanidades e retórica em Olinda e em 1634 foi ordenado sacerdote, na Bahia.

Aos 33 anos, voltou a Portugal com uma comissão de apoio ao novo rei Dom João 4o. Nessa época Portugal passava pela guerra da Restauração da Coroa contra a Espanha. Existiam ainda conflitos contra a Holanda, França e Inglaterra.

Em 1643, Vieria foi designado pelo rei Dom João 4o para negociar a reconquista das colônias. Suas propostas eram conciliar Portugal e Holanda, entregando a província de Pernambuco aos holandeses a título de indenização; reunir em Portugal os cristãos-novos, isto é, os judeus que estavam espalhados pela Europa, e protegê-los da inquisição. Em troca os judeus investiriam nos empreendimentos do Império Português.

Consideradas absurdas, suas idéias foram rejeitadas e Vieira retornou ao Brasil estabelecendo-se ao norte do Maranhão. Os dois primeiros volumes dos "Sermões" foram publicados em Madri em 1644, mas a edição estava tão ruim que Vieira não a reconheceu como legítima.

Em 1661, Padre Vieira foi obrigado a deixar o Maranhão, pressionado pelos senhores de escravos que não concordavam com suas posições contrárias à escravidão indígena. Voltou para Lisboa onde foi condenado pela inquisição em virtude de seus manuscritos "heréticos": "Quinto Império"; "História do Futuro" e "Chave dos Profetas". De 1665 a 1667 ficou preso em Coimbra.

Em 1669 foi anistiado e seguiu para Roma onde ficou até 1676 sob a proteção da Rainha Cristina da Suécia. Dez anos depois foi publicado oficialmente o primeiro volume dos "Sermões", em Lisboa. Em 1681 voltou ao Brasil onde passou a dedicar-se à literatura. Padre Antonio Vieira morreu aos 89 anos, na Bahia.

A Arte Barroca


Melancolia, sofrimento, repressão, dor,alegria,pecado e arrependimento são alguns sentimentos que a arte barroca passa em suas pinturas e esculturas.
Sua arte tem o propósito de moralizar e catequizar, com ênfase na dor e sofrimento causados pelo pecado,ou seja, a arte barroca provoca impacto no expectador,explorando estados psicológicos de intensa emoções com muito drama que atinge as margens da violência.
Suas principais características:
*    Representações artísticas e religiosas para repreender os seres humanos em relação ao apego excessivo aos prazeres sensoriais mundanos como vinho,comida e música que eram considerados como fator de afastar o homem da espiritualidade;
*    Valorização das cores ,as sombras e a luz nas quais suas imagens aparecem de forma dinâmica e valorizam o movimento;
*    Pinturas variadas retrata episódios bíblicos, mitologia e também a história da humanidade;
*    No barroco europeu,são retratados a vida da nobreza, e natureza mortas;
*    As esculturas barrocas dão destaque a face humana marcadas por sentimentos com ênfase no sofrimento,traços que se contorcem passando a imagem de dor e de movimento exagerado;
*    Artistas barrocos utilizaram-se de técnicas da perspectiva para decorar igrejas com esculturas e pinturas;

Seus principais artistas :
O italiano Caravaggio

O espanhol Velásquez
O belga Van Dick
O Belga Frans Hals
O holandes Rebrandt Vermeer
O flamengo Rubens

DICA: Para se aprofundar na história da arte barroca vale a pena conferir os acervos do museu de Arte Sacra de São Paulo e  o museu Arte Sacra dos Jesuítas:

Características do Barroco


Um dos traços mais importantes que caracterizam o  Barroco é o gosto pela aproximação de realidades opostas , o gosto pelo conflito e pelas contradições violentas  O que pode ser relacionado a realidade do homem barroco, uma realidade igualmente contraditória e em transformação. Politicamente, oprimido porém economicamente livre para  enriquecer; mas apesar dessa possibilidade econômica , a estrutura social da época não lhe permitia a ascensão social.  Quanto ao plano espiritual, existem mais contradições: Ao mesmo tempo em que estão presentes as conquistas e os  valores do renascimento e o mercantilismo possibilita a aquisição de bens  e prazeres matérias, a contra reforma , como já foi mencionado, procura restaurar a fé cristã medieval e estimular a vida e os valores  espirituais. O barroco foi visto durante muito temo como a arte da indisciplina.

 No Barroco literário, podemos notar dois estilos: O Cultismo e o Conceptismo. O Cultismo é o rebuscamento formal, caracterizado pelo jogo de palavras e pelo excessivo emprego de figuras de linguagem, também conhecido como gogorismo, pela influência do estilo do poeta espanhol Luís de Gôngora, o cultismo explora efeitos sensoriais, tais como cor, tom, forma, volume, sonoridade, imagens violentas e fantasiosas, recursos que sugerem, enfim, a superação dos limites da realidade. O Conceptismo é o jogo de idéias, constituído pelas sutilezas do raciocínio e do pensamento lógico, por analogias, etc. Embora seja mais comum o cultismo manifestar-se na poesia e o conceptismo na prosa, é perfeitamente normal aparecerem ambos em um mesmo texto. Na prática, ambas as tendências (cultismo e conceptismo) se confundem, mostrando a mesma vocação para a retórica e para o formalismo.

Algumas caracteristicas do Barroco: 

Dualismo: O barroco é o movimento dualista, a arte do conflito e do contraste. Reflete a intensificação do biforntismo( o homem dividido entre a herança religiosa e mistica medieval e o espirito humanista, racionalista do renascimento). A expressão do contraste entre grandes forçças reguladoras da existencia humana: fé x razão; corpo x alma; Deus x Diabo; vida x morte, etc. Esse contraste é visível em toda produçaõ barroca, porém em determinados momentos pode ser que encontre uma conciação entre os termos, pois o artista barroco quer concilia-los e integra-los, por essa razão constuma-se ser frequente o uso de figuras e linguagem(como antítese), que buscam essa fusão.

Antropocentrica X Teocentrica:
       No movimento barroco o Teocentrismo , que esteve em alta na Idade Média, ressurge e o homem passa a viver dividido entre as coisas as visões Antropocentrica , na qual o homem é o centro do universo e responsável pelo seu destino,; e a visão Teocentrica que tem Deus como o centro do universo, e cujo o homem precisa merecer e buscar a salvasão que só receberá através de Deus.

Material X Espiritual:
      Oposição entre o mundo material e o mundo espiritual, visão trágica da vida.

Conflito entre fá e razão: 
 O homem se vê dividido entre a fé, a esperança de ser salvo e a razão os prazes carnais e sensoriais.

Cristianismo:
 A religião que impera nessa época continua a ser o Cristianimo.

Sensualismo e sentimento de culpa:
 O homem se ve dividido entre a idealização amorosa, o sensualimo é explorado ao máximo nas obras barrocas e sentimento de culpa. Deseja tanto o ser amado, que cria expectativas e sentimentos sensuais sobre esta pessoa em contra partida é tomado por um sentimento de culpa, e o medo de não receber a salvação.

Fugacidade:
 De acordo com a concepção barroca, no mundo tudo é passageiro e instável, as pessoas , as coisas, o mundo muda e nada dura para sempre. Tem conciencia do carater efêmero do tempo.

Pessimismo:
 Essa consciência da transitoriedade da vida conduz frequentemente à idéia de morte, tida como a expressão máxima da fugacidade da vida. A incerteza da vida e o medo da morte fazem da arte barroca uma arte pessimista, marcada por um desencantamento com o próprio homem e com o mundo.

Feismo:
No Barroco encontramos uma atração por cenas trágicas, por aspectos cruéis, dolorosos e grotescos. As imagens frequentemente são deformadas pelo exagero de detalhes. Há nesse momento uma ruptura com a harmonia, com o equilíbrio e a sobriedade clássica.


Santo André, de François Duquesnoy, basílica de São Pedro


Na Literatura as características mais marcantes são:

- Culto do contraste;
- Conciencia da transitoriedade da Vida;
- Gosto pela grandiosidade;
- Frases interrogativas.





Significado da palavra Barroco

A origem da palavra barroco tem causado muitas discussões. Dentre as várias posições, a mais aceita é a de que a palavra se teria originado do vocábulo espanhol barrueco, vindo do português arcaico e usado pelos joalheiros desde o século XVI, para designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa, aliás, até hoje conhecida por essa mesma denominação. Assim, como termo técnico, estabeleceria, desde seu início, uma comparação fundamental para a arte: em oposição à disciplina das obras do Renascimento, caracterizaria as produções de uma época na qual os trabalhos artísticos mais diversos se apresentariam de maneira livre e até mesmo sob formas anárquicas, de grande imperfeição e mal gosto.(Suzy Mello, Barroco. São Paulo, Brasiliense, 1983. p.7-8)

pérola irregular

O Barroco no Brasil

Igreja de São Francisco, Salvador Bahia

Costuma se delimitar o Barroco brasileiro entre os anos de 1601, quando foi publicado o primeiro poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto; e 1768, marco inicial do Neoclassicismo.
O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo foi assumindo características próprias.
Na Bahia , entretanto, encontramos dois autores de maior importância na nossa literatura: o Pe. Antonio Vieira, tão fortemente ligado a vida da colônia portuguesa, e o poeta Gregório de Matos. Além destes encontramos outras figuras menores de pequena produção como Manuel Botelho Oliveira( 1636-1711), poeta cultista autor de Música do Panasmo( primeira obra impressa da literatura brasileira); e Manuel  de santa Maria Itaparica(1704-?), autor do poema “Descrição da ilha de Itaparica”.
Na primeira metade do século XVIII foram criadas no Rio de Janeiro e em Salvador academias com a finalidade de estudar a história do Brasil e produzir poesias. As principais foram a academia de Brasílica dos Esquecidos(Salvador, 1724-25), a Academia dos felizes( Rio de Janeiro,1736-40) e a Academia Brasílica dos Acadêmicos Renascidos(salvador,1759). Embora a produção poética dessas academias seja bastante ampla , seu valor literário é pouco significativo.
A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidades auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultural e artística em pleno desenvolvimento.
Profeta, escultura em pedra sabão de Aleijadinho
O principal repesentante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Suas obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil.
Igrja da Ordem Terceira de São Francisco, em Ouro Preto - MG




O Barroco em Portugal

O século XVII é considerado o século do barroco, devido às alterações do quadro político, social, econômico e religioso. No ano de 1580, dois fatores significativos marcaram a vida cultural e política de Portugal: A marte de Camões  e a passagem do país para o domínio Espanhol, em razão  de o trono ter sido herdade por Felipe II, da Espanha , depois do desaparecimento do rei português D. Sebastião, em 1578 na batalha de Alcácer-Quibir, na África.
Durante o domínio espanhol (1580-1640), a literatura e as artes portuguesas foram influenciadas pelas manifestações culturais  da Espanha, que conhece nesse  período o “século do ouro”.  Cervantes, Gôngora, Quevedo, Lope de Veja e Calderón de La Barca são alguns dos importantes escritores espanhóis desse período. Porém em Portugal o barroco não teve a mesma intensidade que na Espanha, pois os escritores portugueses como forma de resistência ao domínio espanhol, procuraram preservar a língua e cultura lusitanas. Passaram a ter uma atitude saudosista com relação aos seus escritores heróis do passado como Vasco da Gama, D. Sebastião e Camões.
A mesmo tempo o barroco português ganhou fortes matizes religiosos, por influencia da Contrarreforma , que teve ampla penetração nos países Ibéricos. A atuação da companhia de Jesus e do tribunal da Inquisição, instaurado em Portugal em meados do século XVI, completam o quadro cultural lusitano desse período, marcado pela religiosidade e pela austeridade.
 Portugal viveu cerca de 60 anos em declínio comercial e naval, após ser unido a Espanha. Nesse período Portugal chega a perder para a Holanda muitas de suas colônias orientais e até parte do território brasileiro.
Com isso surge o mito português conhecido como sebastianismo, no qual o povo acreditava que seu rei  D. Sebastião desaparecido em batalha,  voltaria para redimir seu povo . Esse mito sobreviveria por muitos anos, devido ao desejo do povo por um redentor.
A restauração da coroa portuguesa se inicia por volta de 1640, com o conflito militar que levou ao trono o primeiro rei da dinastia de Bragança: D. João IV.
Durante o reinado de D. João IV Portugal vive com a descoberta de ouro em Minas Gerais, um novo período de riqueza e esbanja luxo e suntuosidade religiosa na corte e nas construções de palácios e templos monumentais. Espanha e Portugal tornam-se no final do século XVI até meados do século XVIII, os baluartes da contrarreforma o que explica a longa vigência do estilo barroco nestes dois países.
O barroco português nunca atingiu o mesmo brilho que o barroco espanhol mesmo sendo influenciado  diretamente por ele. Predominam no barroco português nos textos em prosa, os escritos morais, doutrinais e religiosos, destacando-se os sermões; em poesia, as produções das academias.
A produção literária desse período pode ser organizada da seguinte forma:
- Sermões, cartas, prosa religiosa e moralística: Com pe. Antonio Vieira, Pe. Manuel Bernardes, Francisco Manuel de Melo, Sóror Mariana Alcoforado;
- Poesia, novela: Com Francisco Manuel de Melo;
- Teatro: Antônio José da Silva e Francisco Manuel de Melo.

A contrareforma

  
 Essa violenta reação da igreja ficou conhecida como Contrarreforma, durante esse período exigis-se dos fiéis que abrissem mão do espírito investigativo, das explicações cientificas, da curiosidade, da ousadia, abandonando o gosto pelas coisas terrenas.
 A igreja passou a impor a idéia de que a vida é somente a preparação para se  alcançar a eternidade. Introduziu o tema religioso em todas as atividades da vida terrena, marcando sua presença no campo político,  em festas populares, na vida familiar e na educação dos jovens. Restaurou aos homens o medo do inferno e ascendeu a busca por um paraíso celestial, estabelecendo um dualismo angustiante entre o bem e mau, o certo e o errado. Esse dualismo do duelo entre o espírito religioso e o mundo da razão foi traduzido pelo estilo barroco.



No Concilio de Trento em 1545 ficou estabelecido que:

*Principais mudanças:
  
    - proibição de venda de indulgências e de cargos do alto clero.   
    - obrigatoriedade de os clérigos fazerem seus estudos nos seminários antes de serem ordenados.
 
Principais manutenções:

    - o princípio da salvação pela fé e pelas obras.
    - o celibato clerical.
    - a crença na transubstanciação do pão e vinho no Corpo e Sangue de Cristo.
    - a indissolubilidade do casamento.
    - a validade dos sete sacramentos.

*Adaptado de: PETTA, N. L. e OJEDA, E. A. B. "A Reforma Protestante e a Contra-Reforma". In: História: uma abordagem integrada. São Paulo: Moderna, 1999, pp. 79-79





 

A origem do Barroco

“O Renascimento, no início do século XVI,  deu ao ser humano um forte sentimento de autoconfiança. Com o avanço da ciência, o desenvolvimento do comércio e o domínio da capacidade de compreender, dominar e transformar o mundo. Novas teorias religiosas e cientificas foram propostas, máquinas foram inventadas e a arte surgiu em todo o seu esplendor."
                       
No século XVII, entretanto , o humanismo renascentista entrou em declínio e abriu espaço para a fé, a culpa, a sombra.
Dessa contradição nasceu o barroco, a expressão artística do século XVII que retrata através da literatura, da arte e da musica um momento delicado da vida política e da cultura desses povos.
O ser humano não vivencia estados de harmonia e equilíbrio permanentes, pois é de sua natureza ser instável, desassossegado, possuir características únicas, ter várias faces e contradições.
 Quando descobre a beleza logo percebe que ela pode ser corrompida , desfruta de bem-estar e lamenta que ele possa ser passageiro. É seduzido pelo prazer e martirizado pela culpa, sentimentos se afloram  em consequência de acontecimentos sociais, econômicos ou pela simples percepção de que o comportamento humano se afasta dos padrões desejáveis. Foi o que ocorreu com a cultura ocidental  durante um longo período tendo inicio na segunda metade do século XVI e em alguns países só terminou por volta do século XVIII.
Foram tempos de profundas contradições: Quando idéias contraditórias dos cientistas e filósofos da época desafiaram os dogmas cristãos, a igreja reagiu e passou a oprimirr os homens com regras e posturas conservadoras.
Foi quando em 1527 o monge alemão  Martinho Lutero, expôs seu manifesto , no qual descreve sua doutrina religiosa, que negava a autoridade do papa e toda a hierarquia católica. Afirmava que cada cristão era responsável por sua salvação e que para isso era necessário apenas viver conforme as regras divinas registradas na bíblia. Lutero defendia ainda que a igreja deveria ser um local utilizado apenas para reunião dos fiéis e para a celebração religiosa, não tendo nenhuma ligação com o Estado. Por suas idéias que iam contra o que a igreja da época pregava, Lutero foi excomungado pelo papa Leão X, e acolhido por camponeses pobres e pela nobreza alemã, sueca e dinamarquesa.


Martinho Lutero e o Cardeal Caetano, em 1557.

Em reação às propostas de reforma religiosa de Martinho Lutero e consequentemente de outros protestantes  simpatizantes as suas idéias, a igreja Católica para defender seus dogmas instituiu um rígido controle sobre o comportamento dos fiéis, a fim de reprimir o livre pensamento, a desobediência, criou um código severo de regras, usado pelo Tribunal do Santo Oficio. Esse tribunal julgava os suspeitos de cometer qualquer tipo de ofensa aos dogmas da igreja ou a moral por ela preservada, chegando a cometer todo tipo de crueldade: condenava ao isolamento e ao ódio público os familiares dos suspeitos de heresia,  incentivava a delação, torturava os presos e era responsável por terríveis espetáculos em praça publica, desde a queima de livros censurados pela igrja até a queima daqueles que foram condenados, os quais eram queimados vivos como sinal de advertência para aqueles que ousavam desafiar os dogmas da igreja. Diversos físicos, matemáticos, astrônomos dente outros perderam suas vidas em grandes fogueiras públicas por defender suas teses como, por exemplo, Giordano Bruno, que afirmava que o universo era infinito. Essa postura da igreja fez com que muitos talentos fugissem para França, Holanda ou Inglaterra em busca de liberdade para pensar.




Giordano Bruno

A tela Santo Domingo e os Albigenses, de Pedro Berrruguete(1450-1503), registra uma queima de livros proibidos.